De um lado a crise brasileira, um real enfraquecido e diversos projetos esperando por aportes financeiros. Do outro, investidores estrangeiros com capital à espera de movimento. Em que isso influi a área de energias renováveis no Brasil e quais são as grandes dificuldades em ser bem-sucedido nesse tipo de empreitada.

Um caminho que tem se mostrado acertado nos últimos anos é a captação de recursos estrangeiros para movimentar os diversos projetos para novas fontes de energia renovável no Brasil. Um bom exemplo são parques eólicos com qualificados perante a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, e que ostentem licenciamento ambiental, mas que, para saírem do papel, necessitam investimentos significativos, o que se torna difícil no atual cenário econômico brasileiro.

Alguns países europeus que já superaram a crise de 2009 –principalmente a Alemanha – estão vivendo um momento de prosperidade econômica e de juros muito baixos, o que os obriga a agir e, principalmente, a encontrar alternativas seguras para investir esse capital quase ocioso. Com o fim de muitas subvenções governamentais, energias renováveis na Europa deixaram de ser um bom negócio e a tendência é a migração desses recursos para outros países menos dependentes de subsídios.

Mesmo sendo uma perspectiva muito promissora, a atração de investimentos no setor costuma ser bastante trabalhosa. Francisco Simões Pires, diretor da MASPLAM – Planejamento Ambiental, que prospecta oportunidades também no mercado europeu, adverte: “A primeira barreira é cultural: não se pode querer fazer negócios no estrangeiro, na União Europeia e Ásia da mesma maneira que fazemos aqui. A segunda, são os contatos: chegar apresentando uma proposta sem conhecer o mercado e pessoas-chaves é garantia de dificuldades e insucesso. Nos negócios que intermediamos, desenvolvemos um trabalho conjunto com uma consultoria de comunicação intercultural lá na Europa, que se encarrega de pesquisar e acessar contatos, vencer obstáculos linguísticos e culturais e adaptar todas as etapas do projeto para o sucesso. Isso pode ser demorado e cansativo, mas, vencida essa desconfiança inicial, é uma estratégia mais adequada”, conclui Simões Pires.

Junto com a urgência de necessidade de investimento no setor elétrico no Brasil e a capacidade de geração de lucros sem necessidade de intervenção estatal, a alta do dólar tornou-se outro fator fortíssimo para a atração de capital estrangeiro para tirar projetos do papel. O momento é bastante favorável.