11 de Julho de 2015
Quando Sustentabilidade e Ambientalismo se opõem (aprentemente)
O pioneirismo europeu em relação à proteção ambiental tem trazido diversos benefícios, entre eles, o exemplo em acordos para diminuição da poluição e a reavaliação de métodos estabelecidos. Beirando o fanatismo, no entanto, ativistas europeus lograram passar medidas ditas como protetoras do meio-ambiente e ganharam grande aceitação em sua luta contra certos setores, mas sem benefícios sustentáveis.
Desde a Eco 92, a maioria dos países do oeste europeu abraçou a causa verde e a preocupação com o meio-ambiente. Depois da conferência realizada no Rio de Janeiro, seguiram-se várias outras e objetivos concretos foram traçados. Em países como Alemanha, França e Reino Unido, houve avanços substanciais em termos de reciclagem do lixo, redução de emissões de CO² e, principalmente, na conscientização da população sobre a importância desses assuntos. Entretanto, nem sempre esses avanços se refletem em vantagens no longo prazo.
Um ponto que vem sendo criticado é o crescimento do mercado de carros elétricos na Europa como uma conquista para o meio-ambiente. Vendidos como a alternativa “verde” aos veículos movidos a combustível fóssil, o argumento da propaganda costuma ser refutado com uma breve análise. Em países como a Alemanha, cerca de 80% da energia produzida advém de combustíveis fósseis como carvão e gás natural.
No início de 2014, por exemplo, decidiu-se que o combustível vendido na União Europeia deveria ter ao menos 10% de biocombustível (E10) em sua fórmula. Especialistas como Stephen Gardner, da revista técnica “Ethical Coorporation”, duvidam dos benefícios para o meio-ambiente, visto que os estudos realizados até agora indicam inclusive que o combustível E10, na verdade, aumenta as emissões de dióxido de carbono nas surdinas. O principal ponto de crítica, no entanto, é a sustentabilidade dessa medida, já que boa parte do etanol usado vem de fazendas que costumavam produzir alimentos e mudaram de ramo devido às subvenções da União Europeia. Francisco Simões Pires, diretor da MASPLAM – Planejamento Ambiental, se une à crítica: “É a famosa tática do cobertor curto: tapa um lado e destapa o outro. O ambientalismo é uma causa lindíssima em sua essência, mas sustentabilidade é algo muito mais complexo que defender a natureza. O desafio principal em um projeto como os que fazemos com nossos clientes é uma visão holística da situação, avaliando com métodos técnicos todos os elementos envolvidos e as consequências de cada um. Trata-se de um complexo de decisões e não, de sim ou não.”
Nesse sentido, a contratação de uma empresa que ofereça um trabalho amplo e diversificado torna-se uma vantagem competitiva no mercado. Tendência em países como os Estados Unidos, integrar a análise de sustentabilidade com o aspecto ambiental, financeiro e até o trabalho de relações públicas com o comunidade ainda não é uma tendência no Brasil. “Pode ser, inclusive, que sejamos muitas empresas com esse enfoque, no momento”, comenta Simões Pires.